UNIVERSITÁ CATTOLICA DEL SACRO CUORE
MASTER IN CINEMA DIGITALE E PRODUZIONE TELEVISIVA
STORIA MUSICA PER IMAGINI - PROF. CLAUDIO GABBIANI
JULIO CESAR CANCELLIER DE OLIVO
A MÚSICA INCIDENTAL DE LOST
"O objetivo da música num filme é estar em sinergia com a imagem" (Claudio Gabbiani)
✓ INTRODUÇÃO
Existe uma relação muito forte entre o som e a imagem. No cinema e na televisão, o três elementos que compõe a trilha sonora - voz, música e barulho (e porque não dizer também o silêncio) - possuem uma função. Qualquer um destes elementos por si só não transmite a emoção. Quem estabelece a emoção é a pessoa que escuta, ao buscar recordações inscritas no passado.
Conforme Gabbiani, a música é o elemento mais falso, que ajuda dar sentido a um filme, mas que pode manipula-lo, razão pela qual muitos diretores preferem não usar este recurso, limitando-se ao elemento semântico que é a voz. O barulho, por sua vez, é necessário para estabelecer a localização e dar a idéia que o filme é real.
A música de um filme pode ser pré-existente ou original. Pré-existente quando é pesquisada; abandona seu contexto original e contextualiza-se em outro. A música original é especialmente composta para fazer parte da trilha sonora de um filme ou série televisiva.
Também subdivide-se em música de acompanhamento, que serve para reforçar, enfatizar uma passagem, ou de comento, com finalidade emotiva.
Um exemplo da perfeita utilização do som em um filme verifica-se em "James Bond - Licença para Matar". Na cena em que uma tarântula se aproxima do personagem, os elementos sonoros oferecem noções de temporalidade (barulho da rã significa que é noite); localização (em uma certo local onde existe aquela espécie de grilo); suspense (o efeito sonoro indicando que vai acontecer algo) e, por fim, a escala musical ascendente para o desfecho da cena.
Com base nestes princípios, tomei com objeto de análise e exercício, a série de televisão americana Lost, que possui uma trilha sonora que incorpora vários temas recorrentes para eventos e personagens.
✓ LOST
Lost é uma premiada série de televisão dramática que segue a vida dos sobreviventes de um acidente aéreo numa misteriosa ilha tropical, após o avião que viajava da Austrália para os Estados Unidos cair em algum lugar do Oceano Pacífico. A série tem um estilo único que segue dois tipos de histórias não ligadas entre si: primeiro, a luta dos 48 sobreviventes do desastre para sobreviver e viver juntos na ilha, e segundo, a vida das personagens principais, antes do desastre, através de retrospectivas pessoais, os "flashbacks".
Lost foi criada por Jeffrey Lieber, J.J. Abrams e Damon Lindelof, que é agora o escritor principal, e é filmada em no Havaí. Lost é produzida por ABC Studios, Bad Robot Productions e Grass Skirt Productions e é exibida pela Rede ABC em seu país de origem. A série foi logo agregada à cultura pop. americana, por ser um fenômeno que encanta cada vez mais espectadores e mídias externas, como comerciais, revistas em quadrinhos, webcomics, revistas de humor e canções populares. O universo ficcional da série foi explorado também através de novelas e de jogos de realidade alternativa, como Lost Exsperience e Find 815.
Sucesso de crítica e público, a série teve uma média 15,5 milhões de espectadores por episódio durante todo o seu primeiro ano de exibição, garantindo vários prêmios da indústria audiovisual, incluindo o Award Emmy para Melhor Série televisiva na categoria drama em 2005. Por causa de seu vasto elenco e os custos de se filmar no Havaí, a série é uma das mais caras produzidas até hoje. (Wikipedia)
✓ ESTRUTURA DA SÉRIE
Cada episódio começa geralmente com um "cold open" — uma técnica usada em televisão e cinema, que consiste em saltar diretamente para a história, no início ou abertura do programa, antes mesmo da sequência de títulos e créditos ser apresentada — precedidos por uma revisão do que aconteceu nos episódios anteriores dando segmento para a narrativa que se segue.
Numa conjuntura dramática, a tela fica preta e o título do programa ligeiramente desfocado, vai aproximando-se do espectador, ficando cada vez mais nítido ao mesmo tempo que se faz acompanhar por um som discordante e ameaçador (esta abertura é a da transmissão original, em outros países ela pode ser diferente).
Enquanto há uma continuidade geral da história, os eventos na ilha vão sendo intercalados, frequentemente, com histórias paralelas através dos "flashbacks" (a partir de determinado momento também "flashforwards") que expandem a história a determinados personagens de cada episódio. Os "flashbacks" mostram um pouco da vida de cada personagem antes do acidente, e isso ajuda a desvendar alguns mistérios no desenrolar da história.
Muitos episódios começaram assim como o primeiro, com alguma pessoa abrindo seu olho, como é o caso de Jack em "Pilot, Part 1". Alguns episódios terminam com uma reviravolta inesperada, repleta de suspense e tensão, revelada apenas segundos antes da imagem ser cortada e tudo ficar negro, assim aparecendo novamente o letreiro "Lost", mas agora mais nítido. Outros, os que incluem uma resolução para o enredo, terminam com uma cena final de reflexão que é acompanhado do corte para o letreiro. (Wikipedia)
✓ METODOLOGIA
Para analisar a trilha sonora original do seriado Lost, tomei um recorte de 3‘55“ do episódio “Piloto“, que foi ao ar nos Estados Unidos em 22 de setembro de 2004. O video foi gravado com o audio original do YouTube. Em seguida o material foi capturado e editado no I Move. Na primeira parte do trabalho (2‘08“), o audio original foi substituído pelas mesmas músicas compostas por J. J. Abrams (Main Title) e Michael Giacchino (The Eyeland), baixadas da Internet. Os efeitos sonoros adicionais, como gritos, respiração e barulho da turbina do avião foram eliminados. Na segunda parte da experiência (1‘47“), a trilha sonora original dá lugar a dois temas do iLife Sound Effects ("Dogma" e "Syntetic Design 02"), bem como novos efeitos sonoros. Ao final, o video foi compartilhado em DVD, contendo as duas versões do recorte.
✓ ANÁLISE DA TRILHA SONORA ORIGINAL
A trilha sonora de Lost, composta por Michael Giacchino, é de música incidental, geralmente orquestrada. O tema de abertura "Main Title" foi composto pelo criador do programa, J.J. Abrams. Instrumentos incomuns, como pedaços suspensos da fuselagem do avião, são utilizados para compor a trilha, oferecendo grande sensação de realismo e dramaticidade. Canções da cultura popular também são utilizadas ocasionalmente na série, provindo geralmente de uma fonte diegética, ou seja, são geradas através da ação de uma personagem, como por exemplo, as várias canções executadas no reprodutor de CD portátil de Hurley na primeira temporada ou o uso do reprodutor de vinil.
No corpus da presente análise, encontramos a música de abertura "Main Title" e "The Eyeland" (música incidental). Combinação harmônica entre imagem e som. Os efeitos sonoros oferecem grande realismo `a seqüência. Respiração ofegante, gritos de desespero, barulhos que retratam pavor e pânico. A sensação é de estar ali, junto aos sobreviventes da catástrofe.
✓ A NOVA TRILHA SONORA
Sem a pretensão de modificar o esforço criativo do autor da trilha sonora do seriado Lost, apliquei novos efeitos e melodias ao video, tanto no nível interno como externo. Na primeira parte da experiência, a música original ganhou efeitos que ressaltam o significado das cenas. Assim, introduzi sons da floresta para dar maior noção de localização; o toque do código morse que representa a procura pelos sobreviventes; o latido do cão avisa o perigo; tons de suspense, ruídos de animais e até mesmo o som do patinho de borracha que estaria num dos bolsos do piloto, o que, seguramente, não se adequa `a seqüência (Optei por esta via apenas para testar as potencialidades dos efeitos sonoros). Mais `a frente, o suspense aumenta com o tocar do telefone. O perigo é ainda maior no momento em que ouve-se o som do vulcão em erupção.
A partir deste momento, já não existe mais qualquer vestígio da trilha original. Surge o barulho das ondas do oceano, que mistura-se ao ruído dos aparelhos de telecomunicação e ao som do helicóptero imaginário que busca por sobreviventes. A nova música de fundo agora chama-se "Dogma", que conserva a dramaticidade do ambiente. Gritos de desespero e o barulho das turbinas do avião ainda em movimento acrescentam um toque de horror. Quando o personagem principal aparenta estar sonhando, a única música que se ouve é "Syntetic Design 02", que segue até o final
✓ MÚSICAS E EFEITOS SONOROS ADITADOS
• Main Title (música de abertura)
• The Eyeland (música incidental)
• Forest (iLife Sound Effects)
• Morse Code (iLife Sound Effects)
• Dog Barking (iLife Sound Effects)
• Suspens (iLife Sound Effects)
• Cave Water Drops (iLife Sound Effects)
• Leon Calls (iLife Sound Effects)
• Squeeze Toy (iLife Sound Effects)
• Dramatic Accent 01 (iLife Sound Effects)
• Telephone Ringing 02 (iLife Sound Effects)
• Telephone No (iLife Sound Effects)
• Suspense Accents 05 (iLife Sound Effects)
• Volcano Erupting (iLife Sound Effects)
• Ocean Surf (iLife Sound Effects)
• Walkie Talkie Garble (iLife Sound Effects)
• Traffic Helicopter (iLife Sound Effects)
• Dogma (música incidental)
• Airplane Take Off (iLife Sound Effects)
• Efeitos sonoros - gritos de desespero (iLife Sound Effects)
• Syntetic Design 02 (música incidental)
✓ CONCLUSÃO
O seriado Lost foi escolhido por ser um caso de televisão convergente, tendência da mídia contemporânea. Giovagnoli Agostino (2008) vai mais além e fala em um projeto editorial complexo, chamado "cross media", que une web, cinema, videogame, televisão, etc, tudo reunido em uma mesma plataforma. Embora o objetivo principal do presente trabalho não ter sido analisar essa convegência de meios, o conceito de "transmedia" possui, também, implicações no aspecto sonoro. Quando, na trilha sonora de Lost, ouve-se músicas no nível externo tocadas em um vinil ou CD, se pratica esse novo conceito.
A tecnologia, aliada a fundamentação teórica, nos permite recriar grandes trabalhos do mundo cine-televisivo. Sem a mesma genialidade, é claro. Mas, pelo menos, com uma certa semelhança com aquilo que ouvimos nas salas de cinema e televisores espalhados pelo mundo.
Milano, 06 de fevereiro de 2010
sabato 6 febbraio 2010
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